MADRI, 8 de nov de 2021 às 14:45
O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, presidiu a beatificação de três religiosos capuchinhos que morreram durante a perseguição religiosa durante os anos da Guerra Civil espanhola (1936-1939).
Frei Benet é o nome religioso de Josep Domènech i Bonet, que nasceu em Santa Coloma de Gramanet, Barcelona, Espanha, em 1892
O beato Benet fundou os "Amigos do canto gregoriano" e foi mestre de noviços em Manresa. Diz-se que ele foi um capuchinho modelo, de disposição ascética, e um exemplo de vida consagrada, que sabia exigir com firmeza e delicadeza o progresso espiritual dos noviços. Frei Benet foi preso em 6 de agosto de 1936 por milicianos. Eles o torturaram, escarneceram dele e, por fim, o mataram em 7 de agosto de 1936.
Frei Domènec de Sant Pere de Riudebitlles é o nome religioso de Juan Romeo y Canadell, nascido em Sant Pere de Riudebitlles, Barcelona, Espanha, em 1882.
Movido por fortes ideais missionários, em 1917 foi enviado para a América Central onde, por 17 anos, trabalhou pastoralmente em Cartago, Costa Rica, e Manágua, Nicarágua.
Depois de um apostolado muito intenso, em 1930 regressou à Catalunha quando adoeceu e viveu a última etapa da sua vida no convento de Manresa. Lá ele tinha uma reputação de religioso bom, exemplar e muito abnegado.
Quando eclodiu a Guerra Civil, Fei Domenèc foi identificado como eclesiástico e preso na casa de alguns parentes, onde havia sido acolhido. Como não escondeu que era religioso capuchinho, foi morto em 27 de julho de 1936.
Frei Josep Oriol de Barcelona é o nome religioso de Jaume Barjau Martín, nascido em Barcelona, em 1891.
Padre Josep Oriol foi ordenado sacerdote em 1915 e se dedicou à pregação, confissões, direção espiritual e à pesquisa histórica. Preparou a edição do Chorale Psalterium, obra monumental de liturgia que recebeu elogios do papa Pio XI.
O padre Oriol e o padre Pedro Vintró foram os primeiros a serem mortos por serem religiosos, em 24 de julho de 1936.
O padre Oriol refugiou-se numa casa junto ao convento, celebrava missa secretamente, visitava e administrava clandestinamente os sacramentos.
Ele foi descoberto por milicianos em uma dessas saídas clandestinas e eles o prenderam. Depois de dizer que era religioso, foi insultado e açoitado enquanto perdoava seus algozes. Por fim, foi morto nos arredores de Manresa.
A beatificação dos três aconteceu na Catedral de Manresa, pertencente à diocese de Vic, Espanha, concelebrada pelo núncio na Espanha, dom Bernardito Aúza, além de bispos de várias dioceses catalãs.
O postulador da causa recordou que durante a perseguição religiosa ocorrida entre 1936-1939, “36 irmãos da Catalunha foram sacrificados por ódio à fé. 26 deles já foram beatificados”, hoje mais três aderem a esta causa: frei Benet de Santa Coloma, frei Domenèc de Sant Pere de Riudebitlles e frei Josep Oriol de Barcelona.
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O cardeal Semeraro anunciou que a festa destes três religiosos capuchinhos será celebrada no dia 6 de novembro nos lugares já estabelecidos, onde poderão ser celebrados e venerados.
Durante a homilia, o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos destacou o sentido do autêntico martírio, que se centra não na morte, mas na vida, onde “podemos reconhecer o testemunho dos 3 beatos, que por caminhos diversos, mas relacionados pelo propósito de seguir o 'poverello de Assis' chegaram a Manresa, onde desenvolveram um ministério exemplar e fecundo”.
O cardeal Semeraro explicou que quando estourou a Guerra Civil e o convento em que viviam foi devastado pelos milicianos. Eles, em obediência às instruções dos superiores religiosos, procuraram refúgio e o encontraram, porém, foram procurados e logo capturados. Mais tarde, foram submetidos a espancamentos e humilhações”. O padre Benet “foi incitado a blasfemar e a negar a sua fé em Cristo, sem sucesso”.
“Os três foram executados sem julgamento, simplesmente porque eram cristãos”, disse o cardeal Semeraro, em sua homilia. A história dos novos beatos, disse o cardeal, “se assemelha à de todos os outros mártires; uma história que, embora se repita por séculos até os dias de hoje na história da Igreja, é sempre uma história singular, porque cada um é, diante de Deus, único e irrepetível”.
“No rosto de cada mártir encontramos um modelo original do qual intuir um traço do rosto de Cristo”, disse ele e destacou que a relação entre Cristo e o mártir “seria deficiente” se não passasse “pelo relacionamento com a Igreja”.
Os novos beatos não buscavam "o martírio a todo custo", já que este não nasce "do desprezo pela vida ou de uma forma de egoísmo extremo, mas da ação do Espírito Santo", disse o cardeal. “Em todo martírio não age o espírito humano, mas o Espírito Santo, de quem vem o amor sincero e a palavra de verdade, espírito que santifica o crente, tornando-o testemunha e mártir da Verdade".
Afirmou ainda que “as relíquias hoje expostas para a nossa veneração não são vestígios de morte, mas sementes de vida, lembram-nos que o grão que cai na terra morre, mas dá fruto”.
Dom Romà Casanova, bispo de Vic, Espanha, destacou o testemunho dos três beatos que seguiram a Cristo “com firmeza e alegria” e foram “fermento de paz, amor e reconciliação”.
“Os mártires, arquivos da verdade escritos em letras de sangue, nos lembram que a verdade não morre e que o amor é o único caminho para uma vida plena”, disse dom Casanova.
Além disso, o bispo de Vic pediu ao cardeal Semeraro que fale com o papa que “estamos à sua espera aqui em Manresa, para celebrar a conversão de santo Inácio de Loyola”, fundador da Companhia de Jesus, da qual o papa Francisco faz parte.
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— ACI Digital (@acidigital) November 7, 2021